Gritos, palavras entrecortadas, gemidos, choros, etc., já fazia mais  de uma hora e a coisa não cessava!
Motivo pelo qual, razão pela qual, levei a considerar o fato desagradável de residir próximo a outras casas. Com efeito, sendo assim, torna-se praticamente impossível evitar ouvir certas discussões, brigas e desentendimentos ocorridos nas proximidades!
Até quando ter que suportar?
Até quando ter que aguentar?
E o conflito continuava, avançando noite adentro!
Única coisa que pensava comigo mesmo, era simplesmente: tomara que não firam as crianças, tomara que preservem as mulheres e os idosos!
Aguardava o momento terrível em que ouviria uma explosão, mais gritos desesperados e finalmente, a sirene de ambulâncias, (polícia?) quem sabe? Cortariam os ares, trazendo ainda mais descontrolada emoção ao meu coração, que já exaltado, pululava intranquilo e descompassado!
Que remédio, senão esperar o desfecho?!
Tentara ouvir o que de fato diziam as vozes entrecortadas, mas, não conseguia!
Podia ouvir ainda, se não me “falhe a memória”, gritos de mulheres, choros de crianças?! Talvez...
Finalmente, conclui aflito: “SERÁ QUE SOBRARÁ ALGUÉM PARA CONTAR A HISTÓRIA?!”
Passado mais de uma hora do tal suposto conflito familiar? Particular? Sei lá... que pude finalmente distinguir uma voz que prevaleceu: “GLÓRIA A DEUS!”
Que?!
Quer dizer que aquela algazarra toda, tratava-se simplesmente de um culto evangélico improvisado na calada da noite sem comunicar a vizinhança?!
Pois foi exatamente aquilo... conclui!
Tanto assim, que após a última fala, não se ouviu mais absolutamente nada!
Ainda bem que marquei exatamente o dia, para quando for a semana que vem já não vou ser pego de surpresa, não é?!
Ainda bem restaram vivas almas